segunda-feira, 21 de julho de 2014

O aluguel da casa dos fundos.






- Me pague na terça-feira.

O Sr. Que sabe...!

-É...

-Porque não na segunda de noite então?

-É que vou morrer na quarta de noite, então essa merreca não vai me servir para nada.

- Quarta?! – Puxa!... E se o Senhor Morresse na quinta, poderíamos almoçar juntos, as crianças, o senhor sabe elas vão sentir sua falta e...

- Quinta não eu já cansei de esperar.

- Ora o que é na vida um dia a mais diante da eternidade na morte?

-Não sei morrer se tornou importante para mim, estou muito cansado.

Puxa eu estou louco que o Senhor morra de uma vez, mas é pelas crianças o Sr. sabe que elas o adoram.

- Esta bem então pelas crianças eu morrerei na quinta depois do almoço, e nem uma hora a mais.

O Sr. que sabe...

E o aluguel? Pra quem eu pago?



quarta-feira, 16 de julho de 2014

VINTAGE






Tem dias que acontecem coisas e na hora a
gente nem nota como são lindas e significativas em nossas vidas.


Uma garota bonita vestida como quem vai a uma festa  parou em frente a porta aberta do meu atelier enquanto eu trabalhava entâo com um geito de isopor se derretendo no thinner perguntou se eu sabia para que lado ficava o centro.
 Não entendi muito bem a pergunta e tomando o maximo cuidado para não perecer grosseiro lhe devolvi o ponto de interrogação.
- Depende qual o centro que procuras? Na outra quadra tem um centro espírita, mais adiante tem um centro de saúde e...
- Não, não eu quis dizer o centro da cidade!
- A bom. O centro da cidade fica no fim da linha daquele ônibus que acaba de dobrar a esquina, se andares rápido até a parada que fica no meio da quadra talvez...
 Ela cortou minha frase no meio e isso sempre me deixa meio irritado, porém dessa vez não me importei o show que se seguiu valeu.
Vi seus olhos negros se arregalarem para o veículo que se aproximava rápido, nesse momento a chiqueza foi para o espaço e sem sequer me agradecer pela informação deixou a compostura de lado e largou fincado, como se dizia nas corridas de cavalos. Usando a bolsa como um pendulo para compensar o desequilíbrio de correr sobre os saltos, ela dava a impressão de tentar se segurar no vento pra não cair.
Desabalada correria para pegar um ônibus, o tro-troc de seus saltos no asfalto foi abafado pelo barulho do ônibus passando por mim, os dois sumiram na esquina. Foi então que no meio da rua, sobre o asfalto sujo de óleo e poeira algo chamou minha atenção, estava caída como uma vitima daquele estrés  todo a echarpe de um branco imaculado que ela usava nos ombros. 
Juntei-a do chão era mesmo uma linda peça, a seda mais macia e brilhante que eu já pegara em minhas mãos calejadas, e nas bordas, tinha um delicado brocado tipo aquelas rendas que se encontra no Ceará.  
Então pensei. Vou guardar talvez ela volte para buscar,


- Xi não vi que estava com as mãos sujas de tinta vermelha, será que ela vai se irritar com essas manchas?


quinta-feira, 3 de julho de 2014

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