Tem dias que acontecem coisas e na hora a
gente nem nota como são lindas e significativas em nossas vidas.
Não entendi muito bem a pergunta e tomando o maximo cuidado para não perecer grosseiro lhe devolvi o ponto de interrogação.
- Depende qual o centro que procuras? Na outra quadra tem um centro espírita, mais adiante tem um centro de saúde e...
- Não, não eu quis dizer o centro da cidade!
- A bom. O centro da cidade fica no fim da linha daquele ônibus que acaba de dobrar a esquina, se andares rápido até a parada que fica no meio da quadra talvez...
Ela cortou minha frase no meio e isso sempre me deixa meio irritado, porém dessa vez não me importei o show que se seguiu valeu.
Vi seus olhos negros se arregalarem para o veículo que se aproximava rápido, nesse momento a chiqueza foi para o espaço e sem sequer me agradecer pela informação deixou a compostura de lado e largou fincado, como se dizia nas corridas de cavalos. Usando a bolsa como um pendulo para compensar o desequilíbrio de correr sobre os saltos, ela dava a impressão de tentar se segurar no vento pra não cair.
Desabalada correria para pegar um ônibus, o tro-troc de seus saltos no asfalto foi abafado pelo barulho do ônibus passando por mim, os dois sumiram na esquina. Foi então que no meio da rua, sobre o asfalto sujo de óleo e poeira algo chamou minha atenção, estava caída como uma vitima daquele estrés todo a echarpe de um branco imaculado que ela usava nos ombros.
Juntei-a do chão era mesmo uma linda peça, a seda mais macia e brilhante que eu já pegara em minhas mãos calejadas, e nas bordas, tinha um delicado brocado tipo aquelas rendas que se encontra no Ceará.
Então pensei. Vou guardar talvez ela volte para buscar,
- Xi não vi que estava com as mãos sujas de tinta vermelha, será que ela vai se irritar com essas manchas?
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